Nos conceitos atuais de Moda, uma forte tendência veio para firmar ainda mais valores pessoais e sociais. Estamos falando do Minimalismo.
Minimalismo nada mais é do que o conceito de eliminar excessos cotidianos da vida, expressando valores e devolvendo a essência do ser. Ao realizar o resgate do que é essencial, é possível se conscientizar sobre o excesso de consumo quando o assunto é moda, e contribuir para a diminuição do impacto ambiental do setor têxtil, já que essa indústria é o segundo setor que mais causa impactos ambientais.
Recentemente foi apresentado o relatório “Fios da Moda” que teve como um dos temas pesquisados, o impacto ambiental da indústria têxtil no Brasil causado por três fibras: algodão, viscose e poliéster. Esse relatório apresentou um dado referente à quantidade de descarte somente da região do Brás, em São Paulo: 45 toneladas de lixo têxtil, diariamente.
Esse impacto não é gerado somente devido ao descarte de lixo, mas desde o início da produção até o descarte final de uma peça. Como por exemplo: o uso de inseticidas nas plantações de algodão, o consumo de 5.196 mil litros para fabricar uma única calça jeans e o Fast Fashion.
Na realidade de muitos brasileiros é comum basear as comprar em Fast Fashion, que são peças vendidas a baixo custo, mas que serão usadas poucas vezes e não possuem durabilidade. Ao efetuar compras com essa característica pode parecer vantajoso no momento, levando em consideração que muitos não tem condições financeiras de investir em peças com melhor qualidade, mas o que vale destacar são as condições em que essas peças são produzidas. O trabalho é, muitas vezes, feito por pessoas com baixas condições de vida e que são submetidas a situações de trabalho escravo. Em 24 de Abril de 2013, em Bangladesh, um prédio desmoronou, ocasionando mais de 1.100 mortes e deixando 2.500 feridos. Nesse local, funcionavam várias confecções em condições precárias e que produziam peças para marcas famosas.
Como resultado desse acidente, o mundo da moda criou o Fashion Revolution, uma campanha que convida as pessoas a refletirem sobre esse assunto com uma simples pergunta: “Quem fez as minhas roupas?”. É realizada em vários países e repleta de palestras, ações e debates para frisar a importância de sabermos em que circunstâncias os produtos foram fabricados, levando em consideração as pessoas envolvidas em todos os processos e o impacto ambiental.
Outra forma de contribuir para a diminuição da destruição ambiental causado pelo setor têxtil é aprender sobre seu estilo pessoal, saber identificar peças que se encaixem no seu estilo. Essa é uma ferramenta importante, pois com o estilo já definido antes de realizar uma compra, é possível evitar gastos desnecessário com roupas que serão utilizadas poucas vezes e com isso investir em peças-chaves, de boa qualidade e longa durabilidade para compor o visual.
Com essas três propostas apresentadas: minimalismo, compreensão de como funciona o Fast Fashion e possuir autoconhecimento de estilo, já é possível ajudar a abaixar os números que causam destruição ao meio ambiente, pois o consumo exagerado de roupas diminui e consequentemente o seu descarte é reduzido.
O Slow Fashion, que segue uma linha contraria ao Fast Fashion e tem como objetivo a valorização de quem produz, sempre levando em conta a preservação do meio ambiente, passou a ser mais incentivado, afinal, são produtos de qualidade, sustentáveis e que procuram melhorar como a moda é vista pela sociedade, através de peças produzidas com materiais reciclados, orgânicos e veganos.
Algumas marcas estão procurando substituir o couro animal pelo couro vegano, que utilizada em sua composição, produtos como o milho de campo e borracha reciclada. A estilista Stella McCartney é um grande exemplo nesse meio, pois nunca utilizou em seus produtos qualquer material de origem animal.
Em um ambiente pós-pandemia, esses conceitos ganham um destaque maior, levando as pessoas a buscarem o minimalismo como uma forma de conforto e calmaria após os estresses causados pela covid-19. Com esse novo cenário o mercado de luxo começou a se adaptar às mudanças de hábitos deste consumidor, refazendo os conceitos de produção com sustentabilidade e deixando as coleções minimalistas e atrativas, buscando alternativas para que a moda se torne cada vez mais ética e traga benefícios para as pessoas e para o meio ambiente.
ARTIGO ESCRITO POR:
Bruno Toniatto *
Joyce Faria *
Silvia do Nascimento *
REFERÊNCIAS:
A verdadeira revolução da moda. Fashion Revolution, 2019. Disponível em: https://www.fashionrevolution.org/brazil-blog/a-verdadeira-revolucao-da-moda/. Acesso em 20 de maio de 2021.
COLERATO, Marina. Relatório “Fios da Moda” é Chamado Para Mudança e Ferramenta Para Transformação. Modefica, 2021.
Disponível em: https://www.modefica.com.br/relatorio-fios-da-moda-2/#.YJsuD7VKjIU. Acesso em 18 de maio de 2021.
FIOS DA MODA: Perspectiva Sistêmica Para Circularidade, Modefica, 2021. Disponível em: https://reports.modefica.com.br/fios-da-moda/. Acesso em 15 de maio de 2021.
YAHN, Camila. A moda do futuro: Por que Stella McCartney está anos luz à frente das outras marcas de luxo. Uol, 2017. Disponível em: https://ffw.uol.com.br/noticias/sustentabilidade/a-moda-do-futuro-por-que-stella-mccartney-esta-anos-luz-a-frente-das-outras-marcas-de-luxo/. Acesso em 18 de maio de 2021.
YAHN, Camila. Fios da Moda, o primeiro relatório com dados sobre o impacto da indústria no Brasil. Uol, 2021. Disponível em: https://ffw.uol.com.br/noticias/sustentabilidade/fios-da-moda-o-primeiro-relatorio-com-dados-sobre-o-impacto-da-industria-no-brasil/. Acesso em 16 de maio de 2021.
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